sábado, 24 de abril de 2010

Tira gosto.

Era tão legal correr sem motivo, ralar o joelho, jogar bola, ser livre. Quando a gente cresce parece que as melhores coisas da vida perdem a graça; correr sem motivo vira vergonha, ralar o joelho vira dor, jogar bola vira guerra, ser livre? Impossível. É difícil se impressionar com as coisas, aquela sensação de euforia era tão agradável. Todos aqueles sonhos de criança já passaram, já fiz meus 18 anos, já fiz minha banda, já tive minha primeira namorada, e agora? A gente vive pra quê? Pra ser bem-sucedido e aceito na sociedade? Isso tudo é bobagem. Passamos cerca de 11 anos sendo censurado pra sair e viver uma vida de escravo. O que tem de humano nisso? É preciso olhar pro lado.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Produção em série.

Comprar status,
ouvir o mesmo,
falar dos outros,
assistir imbecilidade,
fingir amizade,
crer em qualquer coisa,
ser preconceituoso,
usar pessoas.
Isso é ser normal?

domingo, 18 de abril de 2010

Nada.

Nós sempre arrumamos argumentos pra dizer que não está tudo bem
Facilmente encontramos dificuldades nas coisas simples
Buscamos todos os dias um bem estar utópico
Forçamos uma carência tendenciosa
Essencialmente egoísta
Por tão pouco
Migalhas
Só.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Contramão.

Caminhos e mais caminhos, que não levam a lugar nenhum. Sigo pela mesma rua, mas agora existe outra pista, será que devo mudar? Ou talvez pegar o retorno? Não, isso seria covardia.
Dando voltas e mais voltas faço a pior escolha, sou teimoso, não quero enxergar. Insisto em percorrer a mesma rota, sabendo que não tenho gasolina pra chegar ao fim. Bato o carro, mais uma vez no mesmo poste.
Simplesmente não sei por onde andar, não tenho mapa, não tenho direção.

domingo, 4 de abril de 2010

O tempo da procura.

No relógio são onze e dezesseis da noite, eu saio de casa, com um sentimento sereno em busca de sei lá o que. Sei que não vou achar o que procuro, mas continuo, o ar ainda úmido da chuva parece convidativo. Chego à rua dos mil mundos, subo, desço, viro para todos os lados; enquanto isso, vou fazendo o que sei de melhor, observar pessoas, mas nenhuma delas é quem procuro. Traço roteiros, sempre improvisados, mudo de lado, encontro amigos e vou indo, no passo dos outros procuro meu compasso.
De braços cruzados, como um guerreiro que se protege dos inimigos, já não observo mais ninguém, percebo que é tarde demais pra continuar procurando, já são quatro e trinta e sete da manhã, dou meia volta e ligeiramente atordoado, saio andando, enquanto isso meu cérebro corre como um atleta, na busca por algo notável. Chego em casa e tranco a porta, são cinco e quinze da manhã. Vou dormir e continuo na minha busca, quem sabe não te encontro em meus sonhos?

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Coisas que passam.

Tem coisa que é difícil de dizer, um sim, um não, um sentimento. Enquanto isso o tempo vai passando e eu percebo como sou fraco em ficar calado. Ensaio frases e mais frases, nunca ditas, e reclamo, digo que a vida é injusta, que está tudo errado. Vou dormir e tenho de novo o mesmo sonho, um sonho tão bonito, que vira pesadelo ao acordar. Lembro que aquilo tudo foi só minha mente me boicotando mais uma vez.